Friday, September 18, 2009

Damn!

Ergui os olhos e foi o que me bastou: encontrei os dele. Meio perdidos, meio fixos. Reto nos meus. Me deu um tremor desgraçado que espero ter escondido direito. Baixei o olhar. Voltei a erguer. E aquele cara me olhando. Boca entreaberta, cabelo pra trás, um vidro de molho na mão. Molho? Quem come coisa com molho às 9h da manhã? Meus lábios se retorceram num riso reprimido, enquanto comento com a minha amiga que ele tem mais furos na orelha que eu. Olho bem de canto e reparo que ele ainda está perto, me observando com uma expressão meio besta, curiosa.
- Ele ainda tá olhando?
- Tá.

Malditos sejam aqueles olhos escuros. Maldito seja aquele tremor.
Benditos sejam aqueles milésimos de segundo dos olhos dele nos meus.

Friday, August 7, 2009

Tendo a lua aquela gravidade
aonde o homem flutua,
merecia a visita não de militares
mas de bailarinos
e de você e eu.

Wednesday, August 5, 2009


Engraçado como a gente cresce sem perceber. Hoje decidi andar pelo parque com a minha irmã e, em um certo momento, ela me pergunta "Onde é que ficam os balanços?". Fomos até lá e, por sorte, estavam todos vazios - me senti novamente a boa e velha Julia aos 8 anos, indo brincar com a miúda Raquel de 6 anos no Bolão, quando o parque de lá ainda era decente. Passado o primeiro momento nostálgico, sentamo-nos nos balanços e brincamos um pouco, sem deixar de conversar. "Como tão as coisas com o Alex, Kay?" "Vão bem...e você?" "Nada em vista. Mas sabe, a Andie tava me contando sobre tal rolo com um garoto...e minha outra amiga tá namorando...e eles dormem juntos já". Foi numa dessas frases que a Raquel arregalou os olhinhos verdes, parou de balançar e disse "MEU DEUS! Já percebeu que estamos falando dessas coisas...num parquinho de criança?".
Não parei de balançar. Pensei um segundo, ainda jogando as pernas para frente e para trás, vai, volta, vai, volta...e comecei a lembrar de quantas vezes eu já balancei com a minha irmã e quanto os assuntos mudaram. Digimon, Sailor Moon, Sakura, Rá-Tim-Bum...tarefa de casa, as canetas coloridas, a nova série da TV...meninos, esmaltes, começo de colegial...faculdade, festas, maquiagem, amores e mais amores. Sorri e respondi apenas: "Percebi. Mas ninguém está ouvindo, mesmo". Ninguém nunca esteve, mesmo. No balanço somos só ela e eu, uma do lado da outra como sempre estivemos, absorta em nossas conversas, alheias ao tempo.
"Xúlia, a corrente do balanço tá apertando suas pernas?"
"Um pouco. Quase nada."
"Não estou cabendo aqui...!"
"Vamos pra casa, vai. Tá na hora do almoço."


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Kay, obrigada por dizer que eu "dirijo bonitinho".

Friday, July 31, 2009


"Julia, telefone pra você. A Déia."
Nem surtei! Quase hora do almoço, mamãe já me olhando torto, mas fui direto pro quarto, achei um cantinho confortável na minha cama e peguei o telefone. "OI BODE, AAAAH QUE SAUDADE DO MEU BODINHO!". Que saudade da minha Negonha, meu olho encheu de lágrima quando eu ouvi a voz dela. Um mês e lá vai pedrinhas sem a gente se ver e a saudade já bate desse jeito. Culpa dos poucos mas intensos 6 meses de convivência? De se ver todo dia na faculdade, de levar mordida, de fofocar e mandar bilhetinho, de jogar Uno, de estudar latim com métodos nada didáticos (Jakus, Edwardum...)? Talvez. Só sei que foi aquela euforia enquanto a gente contava nossos dramas emocionais e dava risada da cara da outra. Maldita uma semana a mais de férias! Sinto falta de chegar todo dia na faculdade e receber o abraço apertado da minha Negonha (aliás, um dos poucos abraços que eu gosto, diga-se de passagem), de receber cócegas até ficar sem ar e cair e dar altos roncos à la Miss Simpatia quando ela me conta suas histórias que ainda virarão livro. O negócio é que não importa se nos conhecemos há pouco tempo, eu sei que tenho muito a aprender com ela, e que só de saber que ela se importa comigo ("é tão bom saber que agora o meu bode tá em Terra de Jacus") já me faz o bode mais feliz de todos.

Wednesday, July 29, 2009

Sobre namorados, descobertas e bolos de maçã.

Sempre bom passar um dia com a mãe. Por mais que a gente se veja todo dia, não me canso de ficar conversando com a minha na cozinha, enquanto ela faz o almoço e eu, um bolo de maçã (que saiu despedaçado, mas delicioso). Diferentemente da maioria das meninas da minha idade (cofcof, beirando os 19 anos), converso com minha mãe como se fosse minha amiga, porque é assim que a vida parece...que moro com uma grande amiga. Enfim, choramingos de minha parte sobre minha falta de sucesso com namorados, quando de repente dona Cris me compara com a moça de um filme cuja história era parecida com a minha e arrisca prever que descobrirei ainda que sou gay, baseada no fim do filme (!). Não me pareceu ser uma boa resposta pela minha má fama com garotos. Apertei um pouco mais e eis que ouço o que demorou para descobrir, mas que agora faz todo sentido e esteve na minha cara o tempo todo: é a Fera que eu procuro, não o Príncipe Encantado. Por ser teimosa e mandona, não é de um cara submisso e delicado que preciso. Não me dou com o Edward Cullen. É um Jacob Black que minha personalidade pede. Um Mr. Darcy. Pedro Bala. Wolverine. O engraçado é que eu sempre procurei pelos bonitinhos, bonzinhos até demais, quando o meu suposto encaixe é alguém que me chacoalhe quando eu estiver errada e me faça enxergar as coisas como elas são. Que me desafie. Que não me deixe com a certeza que o terei sempre por perto; afinal, que graça tem o amor garantido?
Sacudo a cabeça, agradeço minha mãe e faço o bolo de maçã. E penso que finalmente entendi meu fascínio pela Fera, pelo Jacob, pelo Mr.Darcy, pelo Pedro Bala e pelo Wolverine.

Monday, July 27, 2009

"I wish every mother and father in this theater would go home tonight and they go speak to their teenagers and say: kids, BE FREE. No guilt. Be whoever you are, do whatever you want to do! Just as long you don't hurt anybody."

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É, fosse assim tão fácil.

Sunday, July 26, 2009


Se você falar com os animais, eles falarão com você e vocês se conhecerão. Se você não falar com os animais, você não os conhecerá, e o que você não conhece, teme. O que tememos, destruímos.
Sim, peste branca existe, tem nome e é minha.
17 anos de Nits na minha vida. Brincadeira...! Parece que faz pouco tempo que a gente corria uma atrás da outra no corredor da casa dela, que brincávamos de boneca ("Olha a complicação que é fazer um espacate com essa Barbie!"), que juntávamos todos os nossos bichinhos para brincar de Floresta, que dançávamos ao som de A-HA com o clipe da bicha peluda, que nos fazíamos de princesas e nos abanávamos com os embrulhos dos ovos de Páscoa, que eu era a Andróide 18 e você a Chichi, que fingíamos que éramos espiãs."Prestenção, a senha é Rabo-de-Galo à meia-noite"! Quem que tá batendo? Ah, é a Ziro - naquela época ela não conseguia abrir a porta muito menos lembrar da senha. Caminhando na praia, visitando nossos amigos de pseudo-La Push, ouvindo MCR até os ouvidos doerem, brincando de Twister, cantando Monkees, fazendo correnteza no ofurô e jogando biribol no verão; vendo Friends, tomando caldo no Festival, jogando gato-mia no inverno.

Já perdi a conta de quantas noites a gente chamou a Rach de Bella Apodrecida e jogou água no ouvido da Ziro pra ela acordar. Já perdi a conta de quantas vezes ela ficou acordada madrugada adentro comentando o filme que a gente viu ou apenas trocando experiências e ouvindo problemas. Falando sobre trivialidades ou tentando entender meus sonhos esquisitos, dando algum significado à eles..."Nits, posso ler sua agenda já?" "Calma, tô acabando, me passa a sua". "Jesse ou Morten?" "Ah Jules, não faz pergunta difícil!". "PRESSURE!" " 'ude, Queijo". "Nada de Pelé, não acaba com esse jogo".

Eu a vi crescendo até ela ficar (bem) mais alta que eu. Vi aquelas bochechas rosadas de criança se transformarem no que ela é agora, me alcançando sempre em termos de assunto mesmo sendo mais nova. Junto com ela e mais nossas irmãs mais novas me sinto a pessoa mais bem-amada e feliz de todas. Ela tem o melhor abraço de todos, e nunca reclama quando eu os peço. Tem os ouvidos mais pacientes e o maior cuidado para emitir suas opiniões. Sabe quando brincar e quando é preciso ser racional. Sempre balanceada...ou nem tanto, quando dá na telha de dar a louca e fazer nossas idiotices. Não sei se algum dia vou encontrar amiga como essa; demos a sorte de termos nascido na mesma família. Não tenho medo de contar nada porque sei que ela nunca me julgará sem pensar. Que vai estar sempre lá quando eu mais precisar, assim como eu sempre estarei para ela. E mais 17 anos juntas para nós, por favor.

Friday, July 24, 2009

Eu acredito que possa ver o futuro porque repito a mesma rotina. Acho que costumava ter um propósito mas, novamente, pode ter sido um sonho. Acho que costumava ter uma voz, agora não emito som algum. Só faço o que me mandam, realmente não quero que eles se aproximem, oh, não. Todo dia é exatamente o mesmo...não há amor aqui e não há dor. Todo dia é exatamente o mesmo. Consigo sentir os olhos deles observando caso eu me perca novamente. Às vezes acho que sou feliz aqui; noutras, ainda finjo. Não me lembro como isso começou mas posso lhe dizer exatamente como vai acabar. Estou escrevendo num pequeno pedaço de papel, espero que um dia você ache. Bem, vou escondê-lo atrás de algo que eles não olharão. Ainda estou aqui dentro, de pouco a pouco vem o sangue. Eu queria que isso tivesse sido de qualquer outra maneira, mas eu realmente não sei o que mais posso fazer.